Transtornos alimentares: causas, tipos e tratamentos
Os transtornos alimentares são caracterizados por alterações no comportamento alimentar, que causam danos à saúde como a redução extrema ou consumo excessivo de alimentos. E isso pode levar ao emagrecimento exagerado (devido à inadequada redução da alimentação), à obesidade (devido à ingestão de grandes quantidades de comida) ou até mesmo a outros problemas físicos.
Podemos dizer que os transtornos alimentares são mais comuns na adolescência e no começo da vida adulta. Eles estão relacionados a uma série de consequências psicológicas, como a ansiedade e as pressões sociais para alcançar o chamado ‘corpo perfeito’.
Contudo, para que um comportamento alimentar incomum seja realmente considerado um transtorno, ele precisa perdurar por um determinado período e causar prejuízo significativo à saúde física da pessoa, afetando a sua capacidade de desempenhar funções na escola ou no trabalho, bem como as interações com outros indivíduos.
O que pode causar um transtorno alimentar?
As pessoas mais propensas a sofrer algum transtorno alimentar são aquelas que já possuem quadros de depressão, ansiedade e transtorno obsessivo-compulsivo.
É possível listar ainda como fatores de risco:
- Preocupação excessiva com o corpo;
- Maus hábitos alimentares;
- Distorção da imagem corporal;
- Baixa autoestima;
- Sentimento de culpa;
- Questões hormonais;
- Distúrbios emocionais.
Tipos de transtornos alimentares e os tratamentos
Abaixo listamos os principais tipos de transtornos alimentares, os seus sintomas e como podem ser tratados. Confira!
Anorexia nervosa
É caracterizada pela busca incessante pelo emagrecimento, em que a pessoa tem uma imagem corporal distorcida e um medo extremo da obesidade. O paciente com anorexia nervosa limita a ingestão de alimentos, mas também pode comer compulsivamente e, em seguida, compensar isso por meio de purgação (auto induzir o vômito ou tomar laxantes).
Os sintomas da anorexia nervosa incluem: peso corporal muito baixo, restrição alimentar, preocupação em não ganhar peso, distorção da imagem corporal, inibição do ciclo menstrual em mulheres, descamação e pele seca, gastrite, anemia e hipotermia (redução da temperatura corporal).
Já o tratamento é baseado em consultas com nutricionistas, psiquiatras e psicólogos, além do apoio da família e hidratação do organismo.
Transtorno alimentar restritivo evitativo (TARE)
É quando a pessoa come muito pouco ou evita comer determinados alimentos, porém sem a preocupação quanto à forma física ou o peso, o que é característica de pessoas com anorexia nervosa ou bulimia nervosa.
Normalmente, os pacientes com esse transtorno são extremamente exigentes em relação aos alimentos e eles podem evitá-los pela sua cor, consistência ou odor.
O TARE tem cura e deve ser tratado, uma vez que pode trazer prejuízos significativos para a saúde do indivíduo, como a deficiência nutricional, perda de peso e crescimento abaixo da média em crianças.
O tratamento para este tipo de problema deve ser multidisciplinar, quando o psiquiatra, junto com com o nutricionista e com o psicólogo, pode ajudar o indivíduo a lidar com todas as dificuldades relacionadas ao problema.
Transtorno da compulsão alimentar
É caracterizado pela ingestão de uma quantidade de alimentos excepcionalmente maior. Neste caso, o paciente perde o controle e acaba realizando uma alimentação compulsiva, porém a mesma não é seguida por purgação ou outras tentativas de compensar o excesso de alimentos consumidos.
Os pacientes com compulsão alimentar, geralmente, apresentam sobrepeso ou obesidade, além de serem as pessoas com maiores riscos de desencadear doenças cardiovasculares e pressão arterial elevada.
Alguns sentimentos podem levar a uma compulsão excessiva, como a culpa, vergonha e angústia frente à situação.
O tratamento é multidisciplinar, realizado com um psiquiatra, um psicólogo e um nutricionista.
Bulimia nervosa
É quando o paciente apresenta episódios repetidos de ingestão rápida de grandes quantidades de alimentos, seguidos por tentativas de compensar o excesso de alimentos consumidos, auto induzindo o vômito ou tomando laxantes.
Entre os principais sintomas da bulimia nervosa estão:
- Dor de garganta;
- Problemas nas glândulas salivares, como inchaço na região do pescoço e da mandíbula;
- Erosão do esmalte dentário devido ao ácido do estômago, devido aos vômitos;
- Irritação intestinal devido ao abuso de laxante;
- Níveis muito altos ou muito baixos de sódio, cálcio e potássio no organismo;
- Sangramento retal.
Os especialistas indicados para o tratamento de bulimia nervosa são: clínicos, psicólogos, psiquiatras e nutricionistas. A terapia cognitivo comportamental também costuma ser muito recomendada.
Pica
A Pica ou Alotriofagia é quando a pessoa ingere regularmente substâncias que não são alimentos. Os principais sintomas são: intoxicação e prejuízo no desenvolvimento físico e mental.
O tratamento inclui acompanhamento com um clínico, psicólogo e nutricionista, que ajudará o paciente com esse tipo de transtorno.
Transtorno de ruminação
Esse transtorno é caracterizado pela regurgitação de alimentos após terem sido consumidos, involuntariamente, sem dor ou esforço. Isso acontece devido à contração involuntária dos músculos do abdômen.
As regurgitações frequentes causam alguns sinais e sintomas, como mau hálito, perda de peso, náuseas, cáries, úlcera gastroesofágica, constipação ou diarreia, e distensão abdominal.
Frequentemente o transtorno é percebido por psicólogos (em pacientes com algum transtorno mental), nutricionistas (que percebem a perda de peso) ou dentistas (que percebem a corrosão dos dentes), mas ainda é amplamente ignorado pela comunidade médica que geralmente não a diferencia do refluxo gastroesofágico, que é doloroso, ácido e menos vezes ao dia.
A respiração diafragmática e relaxamento do abdômen após as refeições previne a regurgitação. Alguns medicamentos também podem ser prescritos para reduzir a acidez do estômago. Além disso, a terapia comportamental costuma ser indicada.
Vale ressaltar que os transtornos alimentares são muito mais frequentes em mulheres, sobretudo nas mais jovens, do que em homens.
O tratamento dos transtornos alimentares busca restaurar o comportamento alimentar adequado e restabelecer o peso considerado normal para a idade e a altura do indivíduo. O objetivo é tirar o indivíduo do desequilíbrio clínico que a gravidade dos sintomas pode gerar.
O psiquiatra poderá medicar o paciente de acordo com a patologia original e as comorbidades mentais, a fim de resgatar o equilíbrio do humor. Já o trabalho do psicólogo tem o objetivo de tratar as relações do indivíduo com os outros e, principalmente, consigo mesmo.
Quer saber mais sobre os transtornos alimentares ou conhece alguém que precisa de ajuda? Agende uma consulta por e-mail ou entre em contato no WhatsApp
Artigo escrito pela Dra. Olivia Pozzolo
Psiquiatra especializada em transtornos psiquiátricos e históricos de abuso de substâncias como álcool e drogas.
Preencha o formulário e agende sua consulta
INFORMAÇÕES DO AUTOR:
Dra. Olivia Pozzolo Psiquiatra especialista em transtornos mentaisFormada pela Universidade da Região de Joinville (UNIVILLE) e com residência em Psiquiatria pela Faculdade de Medicina do ABC - FMABC.
Registro CRM-SP nº 186706.