Como um psiquiatra pode tratar a depressão pós-parto?

Dra. Olivia Pozzolo Psiquiatra especialista em transtornos mentais

Estima-se que mais da metade das mulheres, cerca de 60%, passa por um estado de melancolia intensa após o parto, uma tristeza materna que também é conhecida como baby blues. 

Na maioria dos casos, a mãe apresenta oscilações de humor e crises de choro sem motivo aparente que logo desaparecem, podendo durar desde algumas horas até uma ou duas semanas depois do parto, por conta das alterações hormonais decorrentes do fim da gravidez. 

Entretanto, em algumas mulheres, os sintomas chegam de forma mais intensa, o que caracteriza a depressão pós-parto, um adoecimento psíquico que geralmente surge nos primeiros 30 dias do puerpério e persiste por mais tempo

Com o nascimento do bebê, algumas mães que desenvolvem esse quadro experimentam uma avalanche de sensações, tendo como principais sintomas:

  • Sentimento de culpa e inutilidade;
  • Preocupação excessiva com o bebê;
  • Receio de machucar o bebê ou a si própria;
  • Falta de interesse em quaisquer atividades (inclusive de lazer ou prazerosas);
  • Irritação e impaciência frequentes;
  • Tristeza profunda;
  • Crises de choro;
  • Fadiga;
  • Dor de cabeça;
  • Dor no peito (com palpitações ou hiperventilação);
  • Insônia;
  • Alterações no apetite e no peso corporal (perda ou ganho);
  • Problemas de concentração, de memória e na capacidade de tomar decisões;
  • Falta de cuidados pessoais (higiene e aparência).

É importante ficar alerta quando a mulher apresentar mais de dois desses sintomas, sendo indicado buscar a ajuda de um psiquiatra, que é o profissional capaz de diferenciar a depressão pós-parto de outras condições e, assim, traçar o diagnóstico correto para adotar as intervenções necessárias.

Neste período, além das mudanças súbitas de humor, em que num momento a mulher se mostra muito feliz e em outro uma tristeza profunda, também é comum sentir agonia, desespero, irritabilidade, ansiedade, frustração, solidão e desesperança. Com a depressão, a mãe também pode perder o interesse de cuidar do bebê e, em casos mais graves, ela chega a se recusar a amamentar o filho.

Essas são evidências de que a ajuda profissional se faz estritamente necessária, uma vez que esse comportamento pode afetar diretamente o vínculo da mãe com o bebê, prejudicando inclusive o seu desenvolvimento cognitivo, social e afetivo e podendo deixar sequelas prolongadas na infância, adolescência e até na fase adulta.

Como funciona o tratamento da depressão pós-parto?

Num primeiro momento, é importante que a mulher tenha o apoio emocional e a ajuda de algum familiar durante esse período, afinal, um recém-nascido exige atenção em tempo integral, o que acaba gerando a sensação de insegurança na mãe e contribuindo para o desenvolvimento da depressão pós-parto. 

Um bom exemplo é cuidar dos outros filhos do casal, quando houver, para que a mãe possa se dedicar exclusivamente ao bebê que acaba de chegar.

Quando os sintomas depressivos persistem por mais de 30 dias, é fundamental encaminhar a mãe para uma avaliação com um psiquiatra e, assim, tomar as devidas previdências para controlar o quadro. 

De forma geral, o tratamento para depressão pós-parto é feito por meio de medicamentos e, quando ambos os pais apresentam sintomas depressivos, pode ser adotado o aconselhamento do casal como complemento à terapia. 

Os homens também podem ser acometidos com depressão pós-parto, principalmente devido às preocupações em relação à sua capacidade de criar, educar e prover boas condições de vida ao filho, ao aumento das responsabilidades e ansiedade.

Hoje em dia, já existem medicamentos compatíveis com a amamentação, sendo seguros e eficazes para esse período, além de serem praticamente isentos de efeitos colaterais, sem causar sonolência ou ganho de peso. 

Por que a depressão pós-parto acontece?

Não há uma causa única para a depressão pós-parto, mas normalmente se deve a uma combinação de fatores que contribuem para o surgimento dessa condição. 

Sabe-se que a principal causa está no grande desequilíbrio hormonal que ocorre nesse período, logo após o nascimento do bebê, e que somado a outros problemas, como a privação de sono, solidão, alimentação inadequada e ausência do parceiro, pode agravar a situação.

Além disso, há outros fatores emocionais, físicos e de estilo de vida que podem influenciar de alguma forma no surgimento da doença. A mulher pode sofrer uma pressão psicológica, que a faça se sentir insatisfeita com o corpo e menos atraente ou a sensação de que perdeu o controle da sua vida. 

Também é comum que as mulheres com esse diagnóstico tenham rotinas estressantes, problemas de ansiedade, relacionamento conjugal instável, gestação indesejada, histórico de depressão, dificuldades financeiras, falta de apoio familiar, dentre outros impasses.

Tudo isso contribui para gerar um estado de melancolia intensa, desmotivação em todos os aspectos da vida e falta de energia para encarar quaisquer problemas ou até mesmo as atividades diárias desse novo estilo de vida. 

Com a progressão do quadro de depressão pós-parto, quando não tratado, o problema pode tomar proporções ainda mais sérias que colocam em risco a própria integridade da mãe e do seu bebê.

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INFORMAÇÕES DO AUTOR:

Dra. Olivia Pozzolo Psiquiatra especialista em transtornos mentais

Formada pela Universidade da Região de Joinville (UNIVILLE) e com residência em Psiquiatria pela Faculdade de Medicina do ABC - FMABC.
Registro CRM-SP nº 186706.