Como funciona o tratamento para depressão

Dra. Olivia Pozzolo Psiquiatra especialista em transtornos mentais

A depressão é um transtorno mental comum, com uma incidência que cresce no mundo todo, sendo apontada pela OMS como uma das principais causas de incapacidade. E os brasileiros não só estão nessa lista global, como também constam como uma das populações mais acometidas por essa condição, além de o nosso país ser considerado o mais ansioso do mundo.

Mas o que faz uma pessoa ter depressão? Antes de tudo, é preciso compreender que ela se trata de uma doença, como diabetes ou artrite, e, portanto, precisa ser devidamente diagnosticada e tratada. As causas podem ser diversas, tanto por fatores genéticos e biológicos quanto por fatores externos, que podem servir como gatilho ou como consequência de um evento importante, por exemplo:

  • Divórcio;
  • Falência;
  • Perda do emprego;
  • Traumas psicológicos;
  • Luto;
  • Eventos estressantes;
  • Distúrbios de ansiedade e estresse;
  • Solidão;
  • Consumo de álcool e drogas;
  • Doenças crônicas (graves ou de longa duração, como o câncer);
  • Ferimentos severos na cabeça;
  • Problemas hormonais (como o hipotireoidismo);
  • Pós-parto.

A depressão é mais comum do que se imagina, mas é uma doença séria, que pode acometer pessoas de todas as idades e de ambos os sexos, apesar de a prevalência ainda ser maior nas mulheres. Entretanto, ela não pode ser confundida com algum sofrimento ou sentimento de tristeza momentâneo, o que é normal em diversos períodos da vida. 

Além de apresentar sintomas e duração específicos, a depressão afeta diretamente os pensamentos do indivíduo, aspectos comportamentais, o humor, a rotina, etc. e, em casos mais avançados, pode prejudicar tanto o âmbito pessoal quanto profissional, nos relacionamentos e no convívio em sociedade.

Como funciona o tratamento para depressão?

O primeiro passo se dá com a busca de ajuda médica para que seja traçado o diagnóstico correto e, a partir daí, se estabeleça o melhor tratamento. Existem alguns testes e questionários que podem alertar quanto à possibilidade de ter a doença, mas somente a avaliação apurada de um especialista, com o levantamento do histórico familiar e do paciente, a análise dos sintomas, sua duração e a realização de certos exames, possibilita saber se de fato se trata de uma depressão.

A condição pode se apresentar em diferentes níveis de intensidade, dentre leve, moderado e grave e, muitas vezes, está associada a outros transtornos psiquiátricos.

O tratamento para depressão pode durar desde alguns meses até anos e, na maioria dos casos, é realizado em conjunto pelo psiquiatra e psicólogo, aliando a terapia medicamentosa com a psicoterapia, para um tratamento completo e eficaz. O objetivo do uso de medicamentos é regular a química cerebral, em que o médico psiquiatra irá prescrever de acordo com as características do paciente e do quadro depressivo.

Já o acompanhamento psicológico promove o levantamento e a compreensão das verdadeiras causas, ou gatilhos, para as crises depressivas e de que forma elas poderão ser superadas. Uma das abordagens mais utilizadas dentro da psicoterapia para tratar a depressão é a terapia cognitivo-comportamental. Em alguns casos, também podem ser incluídas outras terapias coadjuvantes, como, por exemplo, a musicoterapia ou a acupuntura.

Ademais, hoje em dia já se sabe da importância de estabelecer um estilo de vida saudável como parte fundamental para o tratamento de diversas doenças, inclusive para a depressão. Esse quesito se refere principalmente a mudanças nos hábitos do dia a dia, como manter a higiene do sono, uma alimentação equilibrada, praticar atividades físicas, evitar o estresse com atividades prazerosas, cultivar bons relacionamentos, dentre outras.

Como funciona o tratamento em casos mais graves da doença?

Com o agravamento do quadro da depressão, geralmente quando o paciente abandona o tratamento ou muitas vezes demora a iniciar esse processo, é desencadeada uma série de consequências que prejudicam o funcionamento social e profissional, em que o indivíduo já não consegue mais tomar os cuidados básicos, como higiene pessoal, trabalhar, se relacionar, cumprir com os seus compromissos, além de perder o senso de julgamento de valor, o que pode colocar a sua própria vida e das pessoas à sua volta em risco. 

Além disso, o paciente com a forma grave da doença pode apresentar sintomas psicóticos, como delírios e alucinações, e, então, o tratamento passa a demandar outra classe de medicamentos além dos antidepressivos, que são os antipsicóticos.

Nesses casos específicos, normalmente é indicada a internação hospitalar para suprimir as possibilidades de falha no tratamento, uma vez que o paciente passa a ser assistido em tempo integral por uma equipe especializada e multidisciplinar.

Principalmente quando a pessoa deprimida passa a representar uma ameaça a si mesmo ou às pessoas do seu convívio, se faz necessária a internação, que pode acontecer de forma:

  • Voluntária: com o consentimento do paciente;
  • Involuntária: quando há resistência, e o paciente não aceita ajuda;
  • Compulsória: na ausência de familiares que se responsabilizem pelo paciente, a internação acontece por meio de decisão judicial, a partir da apresentação de laudo médico, que considera o indivíduo um risco à sociedade e à sua própria integridade, se continuar sem o tratamento adequado.

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INFORMAÇÕES DO AUTOR:

Dra. Olivia Pozzolo Psiquiatra especialista em transtornos mentais

Formada pela Universidade da Região de Joinville (UNIVILLE) e com residência em Psiquiatria pela Faculdade de Medicina do ABC - FMABC.
Registro CRM-SP nº 186706.