Como é uma internação psiquiátrica?

Antigamente, a internação psiquiátrica carregava essencialmente uma característica que chamamos de manicomial.
As pessoas eram internadas, muitas vezes, por castigo ou porque a própria família tinha vergonha de ter um familiar com uma doença psiquiátrica e, assim, adotavam a internação como uma forma de exclusão. Além de tudo, esses pacientes geralmente ficavam internados a vida toda.
Então, mais recentemente, o nosso país passou por toda uma reforma antimanicomial, a fim de que as internações fossem realizadas apenas com objetivos específicos. Com isso, muitos hospitais psiquiátricos foram fechados, uma vez que não atendiam às novas condições ou não ofereciam uma infraestrutura adequada para atender esses pacientes.
Para uma maior compreensão sobre como funciona uma internação psiquiátrica, antes de tudo, é importante saber quais as indicações para essa modalidade de tratamento.
Quem tem indicação para internação psiquiátrica?
A recomendação principal se dá quando o paciente apresenta algum risco, seja de suicídio, por exemplo, ou de agressão, com a família, vizinhos ou até contra si mesmo, que no geral ocorre quando ele começa a se cutucar, machucar, cortar ou toma quaisquer atitudes que coloquem a sua integridade e segurança em risco.
Ou seja, são casos em que o tratamento em regime ambulatorial naquele momento representaria um alto risco, daí a indicação de internação.
Da mesma forma, quando o paciente se expõe socialmente ou corre o risco de uma exposição moral também pode ser recomendado esse tipo de tratamento.
Um exemplo comum, nesse caso, são os pacientes com transtorno bipolar, que muitas vezes desenvolvem um comportamento sexualizado, podendo se envolver com diversos parceiros e chegar a ter filhos com várias pessoas diferentes.
Ou então, pacientes que passam a ofender verbalmente os colegas de trabalho, pessoas do seu ciclo ou da vizinhança, por não terem mais noção crítica e enxergarem uma realidade diferente. Então, pode ser indicada a internação psiquiátrica o quanto antes, para que o seu retorno ao convívio em sociedade, após o surto, não fique tão prejudicado.
Além disso, o tratamento por meio de internação também é orientado para pacientes com dependência química, que precisam passar pela desintoxicação. Nesses casos, simplesmente cortar o álcool ou as outras drogas das quais o paciente é dependente evoluiria para um quadro de abstinência, o que pode colocar em risco a sua saúde.
Então, a internação se torna fundamental para que ele seja devidamente monitorado durante o processo de desintoxicação, podendo acontecer mesmo quando ele já apresenta crises de abstinência.
Na prática, existem algumas situações específicas que devem ser analisadas individualmente, em especial quando se precisa elucidar um diagnóstico, em que a internação tem como principal objetivo uma avaliação mais minuciosa da situação do paciente.
Isso também pode acontecer quando se faz necessário um ajuste da medicação em pacientes refratários ao tratamento ambulatorial, ou seja, aqueles que não respondem aos medicamentos. Então, com a internação, se consegue fazer o ajuste de modo mais efetivo.
Ou ainda, podem se tratar de casos com comorbidades, em que o transtorno mental é concomitante com outras doenças clínicas, e a internação é feita para que o profissional responsável possa acompanhar de perto as duas condições.
Como é a internação psiquiátrica?
A partir do momento em que o médico determina uma internação psiquiátrica, existem três tipos de intervenção:
- Internação voluntária: quando o próprio paciente consente ou solicita a sua internação. Ele mesmo assina um documento comunicando sobre a sua decisão por esse tipo de tratamento. A internação termina quando o paciente se sente preparado para voltar ao seu convívio normal ou quando o seu psiquiatra determina a sua alta.
- Internação involuntária: esse é o tipo mais comum e se dá contra a vontade ou sem o consentimento do paciente. A internação é solicitada por terceiros, geralmente a família, que também assinarão o termo de responsabilidade. Nesse caso, o paciente não tem condições de tomar decisões por conta própria, ele perde a noção crítica da realidade. Por sua vez, a clínica que está recebendo esse paciente tem 72 horas para comunicar o Ministério Público de que recebeu uma internação involuntária. A alta se dá quando o médico psiquiatra considera que o paciente tem condições para sair, não representando mais um risco, ou se a família entrar com pedido para retirá-lo antes do término do tratamento, num processo chamado de “alta a pedido”.
- Internação compulsória: quando a determinação para a internação é feita pela justiça, sem necessidade de autorização da família ou do consentimento do paciente. A partir de um pedido formal feito por um psiquiatra solicitando a internação, o juiz leva em conta esse laudo médico, o contexto de vida do paciente e verifica as condições de segurança do estabelecimento onde ele será internado, a fim de fundamentar e determinar a internação.
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INFORMAÇÕES DO AUTOR:
Dra. Olivia Pozzolo Psiquiatra especialista em transtornos mentaisFormada pela Universidade da Região de Joinville (UNIVILLE) e com residência em Psiquiatria pela Faculdade de Medicina do ABC - FMABC.
Registro CRM-SP nº 186706.